A Orquestra
A orquestra é uma das mais belas formas artísticas de nossa
civilização. Através dela é possível vislumbrar a engrenagem de dezenas ou
centenas de vozes entoando num mesmo sentido a música escrita numa
partitura. Assim, num conjunto orquestral se encerram valores de uma grande
sabedoria intrínseca: A responsabilidade de cada um em gerar harmonia para
um conjunto.
Orquestra sinfônica ou filarmônica não especificam nenhuma diferença no
que toca à constituição instrumental ou ao papel da mesma, podem revelar-se
úteis para distinguir orquestras de uma mesma localidade. As duas se diferem
apenas na sua natureza, pois as filarmônicas são orquestras mantidas por
grupos de admiradores, instituição privada enquanto as sinfônicas são
orquestras mantidas pela Instituição pública. Sinceramente, hoje não se pode
dizer que no Brasil haja uma orquestra filarmônica, pois todas, sem exceção,
dependem do auxílio seja da iniciativa privada, seja dos governos municipal,
estadual ou federal.
Uma orquestra terá, tipicamente, mais de oitenta músicos e em alguns
casos mais de cem, embora em atuação esse número seja ajustado em função da
obra reproduzida. Em alguns casos, uma orquestra pode incluir músico
free lance para tocar instrumentos específicos que não compõem o conjunto
oficial: por exemplo, nem todas as orquestras têm um harpista ou
saxofonista.
Uma orquestra dispõe cinco classes de instrumentos:
cordas (violinos, violas, violoncelos,
contrabaixos, harpas, piano)
madeiras (flautas, flautins, oboés, corne-inglês,
clarinetes, clarinete baixo, fagotes, contrafagotes)
metais (trompetes, trombones, trompas, tubas)
instrumentos de percussão (tímpanos, triângulo, caixas,
bumbo, pratos, carrilhão sinfónico, etc.)
instrumentos de teclas (piano, cravo, órgão)
Entre estes grupos de instrumentos e em cada um deles
existe uma hierarquia implicitamente aceita. Cada secção (ou
grupo de instrumentos) provê um solista (ou principal) que
será o protagonista dos solos e da liderança do grupo. Os
violinos são divididos em dois grupos: primeiros violinos e
segundos violinos — o que pressupõe dois principais. O
principal dos primeiros violinos é designado como chefe não
só de toda a secção de cordas mas de toda a orquestra,
subordinado unicamente ao maestro, esse violinista é
denominado spalla. Nos metais, o primeiro trompetista é o
líder, enquanto que nas madeiras esse papel cabe ao primeiro
oboísta.
Atualmente, as orquestras são conduzidas por um maestro,
embora não fosse assim com as orquestras originais, sendo a
condução responsabilidade do líder de orquestra como nas
músicas barrocas.
Tantos instrumentos, tanta variedade de timbres, tantas funções, e tudo
soando com perfeição. Cada homem, não importa o que toque, desempenhando da
melhor maneira possível, individualmente, sua função para que o conjunto
seja belo, e represente com maestria a Harmonia do Universo.
A palavra orquestra tem origem grega, e significa "lugar para dançar".
Embora possa parecer estranho, devemos levar em conta que para o grego o
conceito de teatro era bem diferente, e significava ao mesmo tempo música,
poesia, dramaturgia e dança. Nas encenações de tragédias, a orquestra era a
parte do palco que fazia fronteira com o anfiteatro, que por sua vez
continha o público. Assim, por razões mais relacionadas à disposição física
do que propriamente pelo seu significado intrínseco, é que a civilização
ocidental adotou o nome de orquestra ao conjunto instrumental que se
colocava próximo ao anfiteatro. O uso de tal denominação começou justamente
nos primórdios da renascença, quando nasceu a ópera, e a encenação das
óperas necessitava de um conjunto instrumental, situado entre o palco da
ação e o anfiteatro. Daí o termo.
A passagem da Idade média para a Renascença representou para a música um
período de intensas e ricas transformações, entre elas a quebra do monopólio
clerical na música, em que a escrita musical era restrita a apenas certos
domínios da igreja; podia então ser apreendida e compartilhada igualmente
por qualquer um que assim quisesse, fosse ele nobre ou plebeu. Assim,
valores musicais antes confinados tornaram-se públicos, dando início a um
grande processo de criação e expansão de gêneros e formas musicais, advindas
da mescla entre tradições populares orais e a escrita musical eclesiástica.
Não que não houvesse música popular antes; sempre houve, mas com pouca ou
nenhuma mistura de gêneros e influências.
A Ópera representou a primeira união de tendências (ver o texto sobre
ópera), a reunião de temas místicos e heróicos (retomada e releitura do
ideal da tragédia grega) postos num espetáculo que já podia ser chamado
'multimídia', de amplo alcance, apreciado pelas mais diferentes culturas e
classes sociais. Assim, pela primeira vez foi preciso que os músicos
pensassem numa distribuição instrumental mais complexa que a habitual.
Antes da ópera, a música 'oficial' nas cortes era religiosa, cuja
formação instrumental resumia-se a um órgão que acompanhava cantores,
solistas ou coros. Ainda que o órgão era já uma sofisticação, pois que no
séc. XI nenhum instrumento poderia acompanhar as vozes. Eventuais menestréis
e companhias itinerantes animavam os festejos feudais com aquilo que seria a
música popular, que então usavam instrumentos muito peculiares, muitos dos
quais evoluíram aos instrumentos modernos.
A formação instrumental diversa foi uma necessidade que a ópera pela
primeira vez materializou; e como não existia uma tradição instrumental
naquela música antes oficial, a mescla de timbres foi o primeiro grande
desafio dos compositores. No início, não havia um padrão para a distribuição
dos instrumentos e nem mesmo algo que determinasse a quantidade e a
diversidade deles. As primeira óperas eram orquestradas com uma variedade
estranhíssima de timbres e o uso constante deles acabou por mostrar, na
prática, a forma mais eficiente de equilibrar uma massa instrumental
diversificada.
A título de exemplo, uma lista de instrumentos típica da Renascença, para
a ópera de Claudio Monteverdi, Orfeo (1607):
2 cravos
2 violas contrabaixo (equivalente ao contrabaixo acústico moderno)
Grupo de 10 cordas (provavelmente os violinos, violas e cellos)
1 harpa dupla
2 violinos piccolo
2 alaúdes-baixos
2 órgãos portáteis de tubos de madeira
3 violas da gamba
4 trombones
1 órgão de palheta
2 trombetas (o moderno trompete)
1 flauta doce
1 clarino (trompete agudo)
Temos claramente um exemplo de uma mistura de timbres bastante incomum;
diríamos até moderna, apesar de muitos destes instrumentos não mais
existirem atualmente, ainda que possam ser substituídos por timbres
similares ou reconstituídos por lutieres (artesão que fabrica e conserta instrumentos)
especializados.
A formação timbrística projetada pela ópera despertou o interesse pela
música puramente instrumental, e que também começou a ser cultivada pela
aristocracia e nobreza, aparecendo nestas classes a figura do mecenas,
ou o patrocinador da arte. Um pouco da mescla da música popular com a música
escrita - que era justamente o diferencial entre ambas - tornou a música
erudita, de gosto refinado por conter elementos simples ao gosto do público
mas de discurso elaborado, de lógica mais complexa e caráter nobre. O gênero
instrumental foi um dos mais cultivados no período Barroco, que
explorou largamente diversas combinações instrumentais, assim como vocais na
ópera.
típica orquestra barroca, por volta de 1700. Os músicos se
reuniam em volta do cravo contínuo em salões reais |
No barroco, a
variedade dos instrumentos, considerando apenas a música
puramente instrumental, diminuiu sistematicamente, até o mínimo
possível. Em parte para poder ser apreciada em salões dos
palácios, que possuíam alguns entraves acústicos, e em parte por
que não havia necessidade de muito volume sonoro, uma vez que o
espaço e o público eram restritos. A ciência musical incluía a
acústica, e os compositores conheciam suas leis, ainda que
intuitivamente. |
Assim, temos a seguinte distribuição de elementos: (O exemplo é da Suíte
para Orquestra no.4 de J. S. Bach (1685-1750)):
2 oboés
2 fagotes
2 trompetes
2 tímpanos
cordas e contínuo (acompanhamento do cravo)
Entretanto, não havia nenhum padrão que definisse exatamente quais
instrumentos seriam designados para cada obra. O único consenso eram as
cordas. Em quase toda a música barroca a formação instrumental tinha como
imprescindível a presença de uma seção de violinos, violas, violoncellos ou
violas da gamba e por vezes um violone, ou rabecão, hoje conhecido por
contrabaixo. Foi muito conhecida por esta época, a orquestra do rei Luis XIV
da França, comandada por Jean-Baptiste Lully (1632-1687). Era chamada
"os 24 violinos do Rei", e contava por vezes com o apoio de uma outra
orquestra de 10 oboés e 2 fagotes.
A escolha dos instrumentos variava segundo a disponibilidade da orquestra
ou conjunto que iria tocá-la (a partir da encomenda do mecenas), das
condições acústicas, e algumas vezes até do pedido expresso do Rei ou nobre
que encomendou a obra. Os compositores só tinham liberdade de escrita quando
escreviam por conta própria.
O compositor alemão Georg Friedrich Haendel (1685-1759), por exemplo,
teve algumas encomendas do rei da Inglaterra que o fizeram pensar seriamente
na maneira de orquestrar sua obra: pediu-lhe o Rei uma música que fosse
tocada enquanto queimavam os reais fogos de artifício em comemoração pelo
fim da Guerra da Sucessão Austríaca. O problema é que o barulho dos fogos
encobriria o som de uma orquestra, ao que acrescenta o fato de que seria ao
ar livre. Haendel não teve dúvida, orquestrou sua obra, a Royal Fireworks
Music, com uma imensa quantidade de instrumentos de metal (trompetes,
trompas e trombones) e percussão, para fazer o som mais audível possível,
além das madeiras habituais (oboés, flautas e fagotes) mas sem cordas!
Haendel não agüentou e fez uma versão para salas fechadas, desta vez com
número menor de instrumentos e com a seção de cordas completa.
Por essa época, passagem do séc. XVII para o XVIII, era muito comum o
acompanhamento do cravo, instrumento de teclado muito suave e sem dinâmica,
para reforçar a harmonia produzindo harpejos e floreios em cima da melodia.
Esta prática, chamada de contínuo, ou cravo contínuo, estendeu-se até por
volta de 1780.
Mas ainda em meados do séc. XVIII, uma significativa mudança de ordem
estética renovou alguns conceitos do estilo musical na Europa de maneira
muito abrangente. Devido à evolução no estilo, na instrumentação e nas
produções das óperas, que na época eram as referências musicais mais
importantes, a orquestra ganhou um equilíbrio diferente, que também foi
reproduzido nas salas de concertos dos palácios e casas da nobreza. Era a
música Clássica. Muitos instrumentos passaram a ser exigidos com mais
freqüência que outros, o que acabou por determinar a formação clássica de
uma orquestra, dividida entre cordas (violinos, violas, violoncelos e
contrabaixos), madeiras (flauta, oboé, clarinete e fagote), metais (trompa,
trompete) e percussão (tímpanos) e que acabou por ser disposta da seguinte
maneira:
8 ou 10 primeiros
violinos
6 ou 8 segundos violinos
4 ou 6 violas
4 ou 6 violoncelos
2 ou 4 contrabaixos
2 flautas
2 oboés
2 clarinetes
2 fagotes
2 trompas
2 trompetes
2 tímpanos |
Orquestra de Câmara de Dresden, numa formação típica do
classicismo |
Essa formação advém de uma necessidade expressiva com conflui com a
mudança de estilo (do barroco para o clássico, que é menos rebuscado, mais
objetivo e temático), a disposição nas partes instrumentais da ópera
(abertura e intermezzos) e também pelo início de construções apropriadas
para aproveitar todo o potencial acústico dos instrumentos. O salão dos
palácios dá lugar às salas de concerto, ainda salões adaptados, mas já
pensando num fim exclusivo de apreciação musical (antes, nos salões, os
nobres conversavem a comiam enquanto os músicos tocavam - Mozart foi um dos
primeiros a se rebelar contra isso e recusava-se a tocar para quem não
estivesse atento à música).
E, pela primeira vez, apesar de variantes mínimas, foi possível
estabelecer um padrão comum à disposição instrumental, o que permitia uma
mobilidade muito maior de obras, ou seja, uma obra poderia ser tocada sem
perdas por qualquer orquestra da Europa. Esse padrão é normalmente atribuído
a Joseph Haydn (1732-1809), chamado também o 'pai da Sinfonia'
(escreveu 104 delas), pois, embora não tenha sido ele propriamente seu
inventor (e sim um conjunto de compositores, incluindo ele, a formar um
padrão de equilíbrio), ele foi o maior responsável pelo desenvolvimento e
consolidação deste estilo, enquanto gênero e forma. Podemos citar outro
compositor, menos conhecido, mas que também contribuiu para que esta
formação se consolidasse, por seu equilíbrio perfeito e combinação
harmoniosa: Johann Stamitz (1717-1757), que pôde desenvolver essa
formação graças à direção de uma orquestra muito famosa em sua época, a
Orquestra de Mannheim. Este conjunto era considerado o melhor de toda a
Europa, e referência para todas as demais.
Frontispício da 1a. edição da Sinfonia no. 31 em ré 'Paris' de
Mozart. Notar a típica orquestração clássica de instrumentos aos
pares |
Todas as últimas
sinfonias de Haydn, as primeiras de Schubert e Beethoven e de
uma série de outros pré-românticos, como Mendelssohn,
utilizam-se desta formação. Mas existem muitas variantes.
Mozart, por exemplo, não usa o clarinete nem os tímpanos em
muitas de suas sinfonias. São casos isolados, entretanto. O fim
do período clássico já aponta para as tendências românticas,
pois na medida em que instrumentos novos iam sendo criados, ou
antigos eram aperfeiçoados, os compositores imediatamente
absorviam estas mudanças e utilizavam todos os recursos
disponíveis em suas obras. |
O Romantismo foi um movimento estético cuja origem é didaticamente
atribuída a Ludwig van Beethoven (1770-1827), por acrescentar à
música valores e caracteres antes nunca pensados em termos musicais. O
aumento da expressividade através de dinâmicas contrastantes, ritmos e
timbres marcados e definidos, além de uma sutileza narrativa ímpar, fizeram
de Beethoven o porta-voz de um novo pensamento musical. Do ponto de vista da
orquestra, o romantismo foi o responsável direto pela saída da música das
cortes reais e salões aristocráticos para os teatros e as salas de concerto,
acessíveis a um número muito maior de pessoas, nobres e plebeus. Com isso, o
pequeno espaço dos palácios antes destinado à uma pequena formação clássica,
deu lugar agora a grandes teatros, que não só precisavam mas também pediam
uma potência sonora maior. Beethoven começou, pela própria necessidade desta
potência, a acrescentar instrumentos: a orquestra romântica começou
aumentando as cordas e os metais: 14 primeiros violinos, 12 segundos, 8
violas, 8 cellos e 6 contrabaixos, além de 4 trompas ao invés de duas. O
romantismo foi o grande responsável, ao acrescentar a dimensão dramática à
música, por desvincular totalmente a música instrumental da ópera, fazendo
delas duas instâncias muito diferentes. Foi justamente a partir do final do
classicismo que ambas tomam rumos diferentes.
No romantismo, outros compositores, compartilhando de idéias similares ou
mesmo pensando em expressar uma nova dimensão musical - a potência sonora -
como recurso estético, partiram em busca de novas combinações instrumentais.
Foi então que, por volta de 1830, o compositor francês Hector Berlioz
(1803-1869) escreveu o primeiro estudo sistemático de como se devia compor
uma massa orquestral que suprisse a necessidade sonora do romantismo. O
Tratado de Instrumentação e Orquestração de Berlioz ainda hoje é uma
fonte riquíssima de consulta timbrística, tanto para estudar as
possibilidades individuais de cada instrumento (que ele chamou
instrumentação) quanto seu conjunto (a orquestração, propriamente). Para
Berlioz, a orquestra ideal deveria ter nada menos que:
21
primeiros violinos
20 segundos violinos
18 violas
15 violoncelos
10 contrabaixos
4 harpas
4 flautas
3 oboés
3 clarinetes
4 fagotes
4 trompas
4 trompetes
3 trombones e 1 trombone-baixo
1 tuba
8 tímpanos
1 bumbo
1 par de pratos |
Hector Berlioz (1803-1869) |
Ele ainda sugere uma outra orquestra para fins festivos, que começa com
120 violinos (!), e inclui 30 harpas e 30 pianos de cauda. Bom, essa
orquestra nem mesmo ele foi louco o suficiente para exigir, se bem que tenha
chegado bem próximo em seu Réquiem op.5. Sim, Berlioz é o culpado de
toda a extravagância das grandes orquestrações de Wagner, Mahler e Richard
Strauss no pós- romantismo. Mas seus esforços e delírios foram muito bem
embasados, tanto na teoria quanto na prática, onde construiu obras de
impressionante equilíbrio orquestral, considerando o tamanho do contingente
exigido. Os princípios por ele enunciados do equilíbrio e uso da grande
orquestra lhe valeram o título de "Pai da Orquestração" e fundador da
orquestra moderna. Aquilo a que hoje entendemos por "orquestra" é criação
dele, e todos os conjuntos instrumentais anteriores, clássicos, barrocos e
renascentistas, são por isso, 'música de câmara'.
Muitos fatores influenciaram tais recursos estéticos: o limiar entre o séc.
XVIII e XIX foi a era das grandes revoluções, onde se inserem grandes
movimentos científicos e sociais, como a Revolução industrial inglesa e a
Revolução burguesa na França. A filosofia contava com nomes de peso, como
Kant e os iluministas, Rousseau, Diderot, Voltaire, a literatura renova-se
com Goethe, Schiller, Hoffmann, pouco mais tarde Tolstoi. A marca da
expressividade de caráter, como se a música se tornasse um personagem, a
saída para grandes salas de concerto, antes só destinadas à ópera, fizeram
da música romântica um enorme gênero, de imensas proporções, variantes,
estilos, particularidades.
Em termos de orquestração, o romantismo se valeu principalmente de avanços
tecnológicos: Antes os trompetes e as trompas eram 'naturais', ou seja, só
emitiam uma série de notas de acordo com sua construção, os harmônicos da
nota fundamental. Com a invenção das chaves que possibilitavam a mudança do
tamanho do tubo, estes instrumentos puderam tocar todas as notas, e
tornaram-se porta-vozes de novas combinações melódicas. Beethoven já havia
incluído o trombone, mas as tubas, grandes instrumentos graves de metal,
antes destinados às bandas militares (ao ar livre era necessário um
instrumento grave de grande potência sonora), passaram também a ser
incluídos na orquestra. Todos os primeiros românticos, como Schubert,
Schumann e Weber, procuraram seguir o modelo orquestral de
Beethoven.
Richard Wagner
(1813-1883) precisou esperar a música se desvincular da ópera
para poder uni-las novamente no ideal estético grego, a obra de
arte total. Para isso, desenvolveu o drama musical,
espécie de ópera cuja narrativa é sinfônica, e a orquestra um
personagem, tanto quanto os cantores. Valendo-se das
experiências de Berlioz, quem muito admirava, imaginou novas
possibilidades de timbres baseado no ideal dramático que
precisava representar. Para tanto, precisou ele mesmo projetar e
mandar construir instrumentos específicos, variações de trompas
e tubas, para poder representar suas idéias - extravagantes e
geniais. Sua obra mais conhecida, o Anel dos Nibelungos,
utiliza-se de um grande número de trompas (8), além de tubas
tenor, 3 a 4 trompetes, 4 trombones, tubas contra-baixo, e 6
harpas. |
Wagner |
A partir de Wagner a orquestra nunca mais será a mesma. O romantismo a
esta altura, por volta de 1840, já possui muitas facções. A música antes
restrita ao eixo Alemanha - França - Itália é descoberta por compositores de
diversos países, que unem sua tradição folclórica à escrita erudita,
iniciando a escola Nacionalista. O primeiro representante foi
Fréderic Chopin (1810-1849) na Polônia, e seguiu-se Franz Liszt
na Hungria (inventor do poema sinfônico), e em vários outros países do norte
e leste europeu: na Tchecoslováquia, Smetana e Dvórak, na
Rússia, Tchaikovsky, e o 'grupo dos cinco', formado por
Rimsky-Korsakov, Mussorgsky, Borodin, Balakirev e
Cui. Na Noruega, Edvard Grieg, na Finlândia, Jean Sibelius.
A Alemanha reagiu com um compositor neo-clássico, cujas idéias musicais
eram materializadas por orquestras muito menores que as wagnerianas e suas
variantes: Johannes Brahms (1833-1897) foi um caso à parte, pois
conseguiu ser extremamente romântico sem nenhum exagero na potência sonora.
Apesar de usar orquestras maiores que as de Beethoven, em comparação com
Wagner a orquestra de Brahms é clássica, reagindo a excessos que considerava
musicalmente inócuos.
A morte de Wagner representou também, principalmente na Alemanha e Áustria,
o fim do romantismo. Apesar deste movimento esteticamente se manter em
outros lugares, se expandindo para países latinos e para a América, em seu
berço ele já apresentava sinais de saturação. Wagner levou a narrativa
sinfônica a graus nunca antes imaginados de intensidade e duração, assim
como de potência sonora. Os compositores que o seguiram diretamente foram
Anton Bruckner (1824-1896) Gustav Mahler (1860-1911), e
Richard Strauss (1864-1949). Eles representam o pós-romantismo, fase a
que coube a responsabilidade de trazer toda a bagagem de uma imensa tradição
musical para o século XX, e dar condições para o desenvolvimento da música
moderna. Tais compositores exploraram todas as possibilidades combinatórias
instrumentais possíveis neste universo, desde o domínio das formas
acadêmicas à ruptura e combinações inéditas de timbres, sendo considerados
os ápices de toda a tradição orquestral da música no ocidente.
A título de comparação, vamos analisar a orquestração de 4 obras, duas
clássicas já bastante avançadas, e duas representantes deste período
pós-romântico:
Beethoven: 3a.
Sinfonia <Eróica> |
Beethoven: 9a.
Sinfonia |
Mahler: 2a. Sinfonia
<Ressurreição> |
R. Strauss: Eine
Alpensinfonie |
2 flautas
2 oboés
2 clarinetes em Sib
2 fagotes
3 trompas
2 trompetes
2 tímpanos
Cordas (Violinos I, II, violas, cellos e baixos) |
1 piccolo
2 flautas
2 oboés
2 clarinetes
2 fagotes
1 contrafagote
4 trompas
2 trompetes
3 trombones
2 tímpanos
triângulo
pratos
bombo
Cordas (Violinos I, II, violas, cellos e baixos)
Soprano solo
Contralto solo
Tenor solo
Baixo solo
Coro Misto (SCTB) |
4 flautas
(alternando com 4 piccolos)
4 oboés (alternando com 2 cornes-ingleses)
3 clarinetes em Sib (alternando com 1 clarinete-baixo)
2 clarinetes em Mib
3 fagotes
1 contrafagote
10 trompas
8-10 trompetes
4 trombones
1 tuba contrabaixo
7 tímpanos
2 pares de pratos
2 triângulos
caixa clara (se possível mais de uma)
Glockenspiel
3 sinos
2 tam-tams
2 bombos
2 harpas
órgão
Cordas (Violinos I, II, violas, cello, baixos com dó grave,
todos em maior número possível)
Soprano solo
Contralto solo
Coro Misto (SCTB) |
4 flautas (alter.
com 2 piccolos)
3 oboés (alt. com 1 corne-inglês)
1 Heckelphone
1 Clarinete em Mib
2 Clarinetes em Sib
1 clarinete-baixo
3 fagotes
1 contra fagote
4 trompas
4 tubas tenor (alternando com 4 trompas)
4 trompetes
4 trombones
2 tubas
2 harpas
órgão
máquina de vento
máquina de trovão
Glockenspiel
pratos
Bombo
caixa clara
triângulo
sinos de vacas
gongo
celesta
8 tímpanos
18 violinos 1,
16 violinos 2,
12 violas,
10 cellos
8 contrabaixos
Fora do palco:
12 trompas
2 trompetes
2 trombones |
Caricatura satirizando as extravagâncias sinfônicas de Richard
Strauss (no topo, regendo) |
Basta ver a tabela
de orquestração para ver em que pé de excentricidade o
pós-romantismo alcançou. Richard Strauss (que nada tem em comum
com o Johann Strauss das valsas) foi o mais criticado por suas
exigências, sendo freqüentemente atacado pela crítica por sua
obra `oca´e maquiada pela potência sonora. Mas atualmente, não
se pode negar a extrema habilidade de Strauss em extrair de um
gigantesco contingente instrumental uma sonoridade pura e
nítida.
Já os russos, Borodin, Mussorgsky, Tchaikovsky
e Rimsky-Korsakov (autor de outro tratado de
orquestração, posterior ao de Berlioz, mais sintético e menos
extravagante), preferem a percussão mais variada, com
instrumentos mais exóticos. Há de se mencionar também o talento
nato de Tchaikovsky para distribuir timbres de suas melodias,
fazendo de suas obras verdadeiras aulas de orquestração(segundo
Shostakovich). |
Os franceses Maurice Ravel (1875-1937) e Claude Debussy
(1862-1918) também seguem a premissa russa. Ravel é também um caso à parte,
por que embora não se utilize de orquestras tão grandes quanto as alemãs,
era um orquestrador extremamente hábil, que extraía resultados magníficos de
um conjunto bastante sintético. Sua maior virtude e originalidade no uso de
timbres era a combinação rítmica. Ravel trabalhava os timbres da orquestra
ritmicamente, e com isso acrescentava uma diversidade de combinações tão
grande que temos a impressão de que suas orquestras são maiores do que
realmente são, apesar de grandes. Stravinsky, por essa habilidade minuciosa,
apelidou-o de 'relojoeiro suíço' da orquestração.
É importante salientar que o padrão romântico normalmente descrito como
sendo o número correto de instrumentos a ser utilizados é raramente
satisfeito. Isso se dá por que, principalmente no romantismo e nos períodos
posteriores, as obras eram orquestradas em função das necessidades
"pessoais" de cada obra. O compositor deveria ter apenas o bom senso de,
após o estudo dos fundamentos acústicos e da formação clássica da orquestra,
equilibrar corretamente as potências e os timbres para obter o melhor
resultado previsto possível. A orquestra romântica tem, portanto, uma grande
diversidade de formações, pois não há um número padronizado de instrumentos,
variando segundo o gosto e a necessidade do compositor.
Entretanto podemos, de maneira didática, dividir a orquestra romântica em 4
formações:
Orquestra reduzida: São remanescentes da formação clássica
padronizada, apesar de incorporarem recursos extras mais próximos do modelo
de Beethoven. Possuem de 60 a 80 músicos e em geral são formadas por
madeiras a 2 (2 flautas, 2 clarinetes, 2 oboés e 2 fagotes), 2 ou 4 trompas,
por vezes 1 ou 2 trombones ou ainda um metal grave (tuba ou o antigo
ophicleide, que já não existe mais), além das cordas por vezes mais
numerosas e percussão variada (em geral par de tímpanos, triângulo ou
pratos). Ex. : Sinfonias de Mendelssohn (3a. 'Escocesa' e 4a. 'Italiana'),
últimas sinfonias de Schubert e concertos de Brahms, Schumann, Mendelssohn.
Orquestra Standard: Formação mais comum, visto que correspondem aos
ideais românticos de diversidade timbrística, principalmente no acréscimo de
instrumentos de percussão e metais: madeiras a 2, por vezes com inclusão de
flautim e contra fagote, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, mais
cordas (incluindo por vezes a harpa) e percussão variada, como prato,
triângulo, bumbo, caixa clara, e tímpanos. Em geral são orquestras que
variam de 80 a 90 músicos. Ex.: 4 Sinfonias de Brahms, 6 Sinfonias de
Tchaikovsky, primeiras 4 sinfonias de Bruckner, Sinfonias de Dvórak,
aberturas e Sinfonia Fantástica de Berlioz, poemas sinfônicos de Liszt, 'La
Mer' de Debussy, 'Boléro' de Ravel
Grandes Orquestrações: São privilégio de grandes orquestradores, que
conseguem unir a fluidez melódica com a ciência de exploração de timbres sem
que se perca o fio narrativo. Poucos conseguiram com maestria. Exigem mais
de 100 elementos para sua execução e costumam se valer de propriedades
acústicas específicas destas formações, obtendo assim efeitos sonoros
extraordinários, catarse estética. Há enorme perda desta catarse quando uma
obra destas é ouvida em locais inadequados acusticamente ou em gravações de
qualidade duvidosa.
A grande orquestração é composta de 100 a 120 elementos e tem em geral:
madeiras a 4 ou a 5, por vezes incluindo clarinetes-baixos, requinta e
saxofones, além dos habituais flautins e contra fagotes. Além disso, dispõe
de 6 a 8 trompas (em raras ocasiões mais), de 3 a 6 trompetes, 4 trombones e
1 ou 2 tubas. Ao enorme contingente de cordas acrescenta-se 1 ou 2 harpas,
por vezes órgão e uma grande quantidade de percussão, incluindo os habituais
pratos, triângulos e bumbo, mas com 4 a 8 tímpanos, celesta, carrilhão,
tan-tan, glockenspiel, xilofone, caixa clara, máquina de vento e mais o que
a imaginação mandar.
Há obras neste quesito que também incluem timbres vocais, não somente
solistas mas também grandes coros . Ex. : Sinfonias de Mahler: 1a.('Titan'),
2a. ('Ressurreição'), 3a., 5a., 6a., 7a, e 9a.; Poemas tonais de Richard
Strauss: 'Also Sprach Zarathustra', 'Don Juan', 'Till Eulenspiegel', 'Uma
vida de Herói'; Holst: 'Os Planetas'; Stravinsky: 'A Sagração da Primavera',
Wagner: 'O Anel dos Nibelungos', 'Tristão e Isolda'; Ravel: 'Daphnis et
Chloé'
Imensas Orquestrações: São raras e muito caras. Em geral utilizam-se
de mais de 150 músicos (podendo chegar até a 200) mais grandes coros ou
solistas vocais. Produzem efeitos sonoros monstruosos em salas de concerto,
mas raramente têm méritos musicais superiores às grandes orquestrações. Na
maioria das vezes, apenas preenchem quesitos de massa sonora, por vezes
exageradamente. Possuem a mesma formação das Grandes orquestrações, mas com
a número de executantes aumentado (Ao invés de 6 trompas, 12; ao invés de 4
flautas, 6).
Ex.: 'Réquiem' de Berlioz (exige, por exemplo, 16 tímpanos); 'Eine
Alpensinfonie' de Richard Strauss (exige, por exemplo, 20 trompas), 'Gurrelieder'
de Schoenberg, Oitava Sinfonia de Mahler ('dos Mil'), Sinfonia 'Gótica' de
Havergal Brian.
Pode-se ainda classificar uma orquestra para fins festivos, orquestras
especiais feitas sob encomenda para execuções destinada a grandes multidões,
em geral ao ar livre, e comemoram algum fato extraordinário. Possuem versões
reduzidas para orquestra Standard para serem executadas nas salas de
concerto.
Ex.: Sinfonia Fúnebre e Triunfal de Berlioz; Abertura 1812 de Tchaikovsky
Assim nasceu uma nova forma de classificar determinados compositores,
segundo a potência sonora. Muitas vezes esse quesito é confundido com
habilidade em orquestrar. São coisas distintas; uma coisa é escrever boa
música para poucos ou muitos instrumentos, outra coisa é escrever música
ruim para poucos ou muitos instrumentos. Uma boa maneira de ilustrar isso é
citar Brahms, que, caso se aventurasse a compor para orquestras tais como as
de Wagner ou Mahler, certamente teria grande parte de seu material semântico
riquíssimo, a clareza e objetividade das idéias, prejudicado pelo excesso de
timbres. Mas, felizmente, como Brahms possuía um bom senso musical inegável,
soube tirar da formação orquestral clássica resultados de expressividade
incomparáveis. Do outro lado, citam-se os chamados "grandes orquestradores",
que tinham um talento para escrever música com números elevados de
instrumentos sem perderem-se no emaranhado harmônico, melódico e timbrístico
que tal contingente normalmente causaria aos desprovidos deste talento.
Estes mestres da orquestração foram Berlioz, Wagner, Liszt, Tchaikovsky,
Mahler, Richard Strauss (talvez o melhor deles), Ravel, Elgar,
Rimsky-Korsakov e Stravinsky. Hoje em dia este critério pode ser revogado,
porque, afinal de contas, Debussy, ou até mesmo Brahms, que nunca usaram
orquestras muito grandes, foram extremamente hábeis no uso contido de
instrumentos. Sob este aspecto, não ficam nada a dever aos grandes
orquestradores. O próprio Beethoven pode ser considerado um grande
orquestrador para os padrões clássicos. Mas, no quesito potência sonora, tal
classificação ainda pode ser de alguma valia.
A suntuosa Orquestra Filarmônica de Berlim, atualmente regida por
Simon Rattle, é considerada a melhor orquestra do mundo, por sua
excelência técnica e sonoridade poderosa, percorrendo com segurança
e desenvoltura todas as nuances dinâmicas de uma partitura
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Após o período romântico e pós-romântico (a passagem do séc.XIX para o
XX), a chamada música moderna entrou em cena. O que havia sido a ópera na
formação e desenvolvimento da orquestra no séc. XVI e XVII, foi no séc. XX
feito através do Ballet. A formação instrumental, com exceção dos
compositores que já vinham da tradição anterior (ou os que a absorveram
totalmente), se deu com as encomendas que grandes companhias de ballet
fizeram aos compositores modernos. A mais conhecida e famosa foi a Companhia
de Ballets russos de Sergei Diaghilev, para quem Igor Stravinsky
escreveu O Pássaro de Fogo, Petruschka e A sagração da
Primavera; Ravel Daphnis et Chloé, Debussy Jeux, El
sombrero de Tres Picos de Manuel de Falla, Parade de Erik Satie,
entre outros. O mundo da coreografia, foi, portanto, uma das principais
correntes que nortearam os padrões da orquestra no início do séc. XX. Os
padrões, de um grande número de instrumentos segundo a tradição
pós-romântica, foi naturalmente caindo, primeiro pelo enorme custo de
grandes produções (já não havia mais o antigo mecenas, nobre ou imperador),
e depois pela necessidade estética de adentrar novos universos nos campos da
harmonia e timbres que não fazia mais necessária a intensidade sonora em
termos de volume.
Com algumas exceções, a tendência geral da música, principalmente depois
da Primeira Guerra, foi a de conter o número de instrumentos. Escreveu-se
muito para formação clássica e ainda mais para formações camerísticas. Com a
chegada das estéticas neo-vanguardistas do pós- Segunda Guerra, como música
concreta, aleatória, eletrônica, minimalista, etc., a tendência foi manter a
orquestra resumida. Aliás, muito pouca música para este tipo de formação foi
produzida, se compararmos com a produção anterior. Os compositores
exploraram formações completamente diferentes, como por exemplo Carl Orff,
que apesar da famosa Carmina Burana ser para Grande Orquestra,
escreveu uma estranhíssima obra chamada 'Antigonae', baseada em
Sófocles, sem harmonia nem melodia, apenas ritmo, feito por uma orquestra de
pianos, harpas, oboés e percussão. A busca por efeitos inusitados, mescla de
timbres ao sintetizador e preparação acústica específica de instrumentos
(como John Cage e sua sonata para 'Piano Preparado'), fizeram
basicamente os objetivos da música do século XX no que diz respeito ao
timbre. Mas, neste aspecto, já estamos longe do que representa o termo
'orquestração' propriamente.
Orquestração, portanto, é uma arte que pode ser aplicada a qualquer formação
instrumental diversa e que conta com um único critério determinante em sua
composição: o Equilíbrio . Assim como a forma-sonata representa o equilíbrio
estrutural, arquitetônico da obra, a orquestração representa, para a obra
sinfônica, - me permitam a comparação culinária - o tempero e a maneira de
preparar o prato, que, no caso, corresponde ao discurso musical. Cada
instrumento tem uma personalidade intrínseca e seu conjunto sonoro é uma
reunião determinada de ingredientes misturados para alcançar um objetivo
palatável e digerível. Considerando os ingredientes como o material
semântico, a melodia, harmonia, ritmo e andamento, a orquestração é o modo
de preparar e o acréscimo das especiarias que darão gosto ao discurso
musical. Um bom chef de cozinha sabe variar os temperos e a maneira de
misturar a massa para obter diferentes sabores. Este é o orquestrador.
Voltando ao planeta Terra, concluo adicionando mais um pequeno detalhe sobre
o equilíbrio instrumental: Sua disposição física no palco. O posicionamento
destes instrumentos num palco de salas de concerto também é um fator
relevante para o equilíbrio da massa sonora produzida, e deste modo, a
formação clássica também se ocupou de padronizar sua disposição,
considerando, ainda que intuitivamente por parte de muitos compositores,
leis físicas elementares: instrumentos de maior ressonância acústica vão
ficando para trás, e de menor ressonância, para frente, indo
progressivamente dos mais suaves aos mais fortes. Por essa razão é que as
cordas (violinos I e II, violas, cellos e contrabaixos) encontram-se no
primeiro plano do palco, seguidos pelas madeiras (flautas, oboés, clarinetes
e fagotes), metais (trompas, trompetes, trombones e tuba - esta seção é
anedoticamente chamada de "cozinha" da orquestra), e lá no fundo, a
artilharia da percussão, que não precisa fazer muito esforço para produzir
um barulho considerável. Este esquema retrata bem a disposição mais comum
numa orquestra moderna, apesar de, a critério do maestro, ela possa mudar:
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