Ação e Reação

Carma, expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer "ação", a rigor, designa causa e efeito, de vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Isto também expressa a conta de cada um, englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Pôr isso mesmo, há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades, mas também povos e raças, estados e instituições.

A liberdade de escolha existe na fase inicial dos nossos atos, isto é na fase de causa; feita a escolha e posta em ação, entramos no domínio dos efeitos e, aí, vigora o determinismo. Vê-se que a liberdade é interior e expande-se de dentro para fora, e que o bem e o mal estão dentro de nós; o mal torna-se um inimigo oculto dentro de cada homem e do qual não é possível fugir em um momento (só mediante esforço prolongado). As forças que movimentamos no passado, com as nossas ações, tendem a continuar na mesma direção impelindo-nos para onde, "hoje" não queremos ir, mas quisemos "ontem". Nossas obras acompanham-nos; o passado revive no presente. Conforme exprime-se André Luiz, (Ação e Reação) " o espírito é constrangido a viver no centro de suas criações". Há um encadeamento casual lógico e a longo prazo... O presente derivou do passado e o futuro promanará do presente. A nossa vida atual não foi improvisada; o acaso é ingenuidade. Nada surge do nada... Tudo , na Obra Divina, está inter-relacionado pelo princípio de "causa e efeito".

No mundo físico, Issac Newton, formulou a 3ª lei na mecânica, que declara: "toda força impulsionada numa determinada direção, gera outra força , de igual intensidade em sentido contrário". Esta lei física, costuma ser designada como lei de ação e reação e governa também "relações espirituais". Dessa forma, pensamento, vontade e atos, são forças que lançamos, as quais devem dar origem a forças em sentido contrário, isto é, ao "choque de retorno". Este retorno recairá sobre aquele que gerou a perturbação no ambiente com sua atuação desatinada; ou virão de volta alegria e paz, se o bem partiu dele. "Toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores" (André Luiz). A ação do mal pode ser rápida, mas ninguém sabe quanto tempo exigirá o serviço de reação, indispensável ao restabelecimento da harmonia quebrada pôr nossas atitudes contrárias ao bem. Nossas ligações com a retaguarda continuam firmes; ninguém avança para a frente sem pagar as dívidas contraídas...

Jesus fez várias referências à lei de causa e efeito nas suas lições, acentuando a importância dela para a redenção do espírito humano. Afirma o Mestre: " não julgueis para não serdes julgados" (Mt. 7:1); "Com a medida com que medirdes sereis medidos" (Mt. 7:2); "Todo o que comete pecado, é escravo do pecado" (Jo. 8:34), "Se perdoarmos as ofensas recebidas, Deus igualmente perdoará os nossos erros"(Mt. 6:14-15). Em suma: " E o que quereis que vos façam os homens, isso mesmo fazei vós a eles" (Lc. 6:31).

Ao pensar e agir, o homem liberta forças e fica sujeito ao retorno delas, nesta ou em outra vida, provará o fel ou o mel que fez o outro beber, todavia, a aplicação da lei no nível espiritual é relativa porque a mesma "vontade" pode, noutra ocasião, agir em sentido contrário e atenuar o choque mediante a libertação de novas forças, agora positivas. Não temos o poder de extinguir os efeitos da volta sobre nós, mas podemos modifica-los se mudarmos de rumo, e atuarmos noutra direção com esse intuito.

Sem o conhecimento da reencarnação, teríamos uma noção completamente nula das relações de causa e efeito. É ela que permite encadear as ações de uma vida para a outra, fazendo que sofra o indivíduo o que fez outro sofrer antes. Logo, ação e reação, além de importante lei física, é relevante lei moral; rege as relações inter-humanas e ensina ao espírito como atuar e progredir.

Regula ainda o livre-arbítrio; a liberdade existe antes de agirmos, após o lançamento do ato, ficamos sujeitos às conseqüências.

Nossas vidas são misturas de alegrias e sofrimentos em proporções variadas. " A cada um segundo as suas obras" disse Jesus.

É ainda o mesmo princípio; quem foi insaciável provará a miséria; quem muito cuidou de si, passará solidão; quem violou será violado; se alguém perdeu um braço pôr nossa causa, perderemos um braço também; se caluniamos, lidaremos com a calúnia.

"Cada abuso corresponde uma carência inversa" (Pietro Ubaldi); pôr isso, muitos sofrem falta de coisas abundantes...Diz ele que todas as deficiências morais (crime, vício, pobreza, imbecilidade, predisposições mórbidas, etc.) são carências derivadas de abusos antigos. O panorama na terra parece poder-se resumir nestas duas palavras: "carência e abuso"

As dívidas com a Lei podem ser atenuadas pelo bom procedimento e os resgates reduzidos, de modo que o interessado não fique apenas submetido à cobranças, mas tenha também oportunidade de adquirir méritos pelo trabalho ativo no bem e pelo sofrimento valorosamente suportado. Um indivíduo que matou outro, noutra vida para obter vantagens, estará em situação adequada para ser morto, noutra vida. Se porém, modificou-se intimamente e provou sua nova condição interior através da assistência a sofredores, virá ao mundo resgatar o seu crime pôr meio de uma doença, digamos , uma lesão valvular no coração, que o fará sofrer e, finalmente, desencarnar. Mudando o criminoso, não se faz necessário o episódio sangrento. A misericórdia Divina quer a transformação moral do homem e não o seu sacrifício sem o motivo consistente.

Um débito poderá ser classificado dessa forma:

Estacionário- quando a vida passa sem mudança de atitude íntima; a pessoa carrega um fardo de dívidas de uma existência para a outra até que a lei tome providências drásticas , como nascer paralítico, cego, sem braços etc.;

Resgate interrompido- quando o sujeito abandona a situação em que está e mete-se em nova complicação, como abandonar a família legal e formar outra;

Aliviado- se a ação positiva for encetada na liquidação da dívida;

Dívida expirante- se o sujeito liquida o erro sem cometer outros;

Dívida agravada- quando o interessado repete o erro anterior, geralmente ampliando-o na vida atual dobrando o débito;

Resgate coletivo- em grupo, todos com a mesma dívida.

Dessa maneira, é fácil perceber que, após conquistarmos a coroa da razão, de tudo se nos pedirá contas no momento oportuno, mesmo porque não há progresso sem justiça na aferição de valores.

Qualquer sombra de nossa consciência jaz impressa em nossa vida até que a mácula seja lavada pôr nós mesmos, com o "suor do trabalho ou com o pranto da expiação"

Quando a nossa dor não gera novas dores e nossa aflição não cria aflições naqueles que nos rodeiam, nossa dívida está em processo de encerramento.

Quanto mais amplitude em nossos conhecimentos, mais responsabilidade em nossas "ações". Através de nossos pensamentos, palavras e atos, que nos fluem, invariáveis do coração, gastamos e transformamos constantemente as energias do Senhor , em nossa viagem evolutiva nos setores da experiência; e de nossas intenções e aplicações, nos sentimentos e práticas da marcha, a vida organiza em nós mesmos, a nossa conta agradável ou desagradável ante as Leis do Destino...

Supliquemos a Jesus que nos conceda forças para a vitória !

Oliver.

Fontes de pesquisa: (Ação e Reação - André Luiz; Evolução para o terceiro milênio - Carlos T. Rizzini )

VOLTAR