Sono e sonhos
Durante o sono, o espírito desprende-se do corpo; a noite é um longo período em que ele está livre para agir noutro plano de existência. Porém, variam os graus de desprendimento e lucidez. Nem todos se afastam do seu corpo, quando o fazem, permanecem no ambiente doméstico; temem faze-lo, porque sentir-se-iam constrangidos num meio estranho. Outros movimentam-se no plano espiritual, mas suas atividades e compreensão dependem do nível de "elevação". "O espírito jamais está inativo"; durante o sono afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em contato mais direto com outros espíritos. Quando o corpo repousa, o espírito tem mais faculdades do que no estado de vigília; ele lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro, adquire maior conhecimento e pode pôr-se em comunicação com os demais espíritos encarnados ou desencarnados. O princípio que rege a permanência fora do corpo é o da "afinidade moral" ou seja, afinidade vibratória ou sintonia. O espírito será atraído para regiões e companhias que se harmonizem com os seus desejos e intenções, em outras palavras, impulsos predominantes. Então, procurará e achará satisfação adequada ao seu gosto, bem como lições concordes com as intenções manifestadas. Haverá intercâmbio de emoções, aprendizado vários, acertos de trabalhos, sugestões variadas etc., pois, entrará em contato com espíritos semelhantes a ele. Subirá mais ou se degradará mais, conforme queira. Assim, o lúbrico terá entrevistas eróticas de todos os tipos, o avarento tratará de negócios rendosos usando a astúcia, a esposa queixosa encontrará conselhos contra o seu marido, inimigos entram em luta, amigos reforçam amizades, aprendizes fazem cursos, cooperadores trabalham nos campos prediletos e vai pôr aí... O sono liberta a alma parcialmente do corpo; quando dorme, o homem se acha pôr algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que desencarna. "O sono influencia mais do que supomos em nossa vida".O sonho é a recordação de uma parte da atividade que o espírito desempenhou durante a libertação permitida pelo sono. Nem sempre os sonhos são nítidos ou coerentes. Há uma série de fatores que interferem tornando-os obscuros ou incoerentes. No momento em que o espírito retoma o corpo para acordar, ocorre intensidade maior ou menor de perturbação da consciência, o que ocasiona vários graus de esquecimento. A intromissão nos sonhos de elementos conscientes da vida comum é freqüente, especialmente quando há preocupação. Entram em jogo ainda as dificuldades do próprio espírito para compreender o que se passou durante a noite; daí nascem interpretações pessoais baseadas em preconceitos e noções errôneas. Outro fator a considerar , é o composto das lembranças de vidas anteriores, que emergem do inconsciente e encaixam-se no sonho fazendo-o confuso; há sonhos formados inteiramente de tais recordações, os quais podem ser muitos lúcidos. Pôr fim, não se deve ignorar o simbolismo usado pôr mentores espirituais objetivando fazer sugestões e advertências ao encarnado sem violar o livre-arbítrio; eles podem mostrar uma montanha árida e pedregosa , sobre cuja encosta ele tem que subir penosamente, simbolizando provas difíceis próximas. Outro tipo de sonho é o pesadelo, ou seja, o sonho ansioso, em que entra o medo. É também uma experiência real, porem, penosa; o sonhador vê-se acossado pôr inimigos ou pôr animais monstruosos, tem de atravessar zonas tenebrosas, sofrer castigos, etc., que de fato, são vivências provocadas pôr agentes votados ao mal ou pôr desafetos desta ou de outras vidas. Tudo isto explica as "distorções e disfarces", tão mencionados na literatura psicológica. O sonho é uma expressão da vida real da personalidade. O espírito procura atender a desejos e intenções inconscientes e conscientes durante este período de liberdade relativa. Conforme o grau, o tipo de sintonia gerado pela afinidade moral com outros, encaminha-se automaticamente para a parte do mundo espiritual que melhor satisfaça seus objetivos , ainda que implícitos; aí conta com colegas, sócios, desafetos, mestres etc. A interpretação freudiana encara o sonho como apontando para o passado, declarando que ele significa a satisfação fantasiosa e no plano mental de um "impulso recalcado", que provém dos instintos primitivos com os quais o indivíduo nasce. Para Freud, o sonho satisfaz de algum modo, desejos e intenções não expressos e serve para impedir que o impulso acorde o adormecido. A interpretação adleriana considera o sonho como voltado para o futuro, encarando-o como uma tentativa de manter ou reforçar o estilo de vida de uma pessoa quando surgem contradições com a realidade ou com o senso comum. O sonho segundo Adler, é uma criação do estilo de vida, que ajuda a solucionar os problemas ligados a ele e tem o papel de agitar os sentimentos. Para o Espiritismo, o sonho também satisfaz impulsos e é uma expressão do estilo de vida, com a diferença fundamental de não se processar só no plano mental, mas ser uma experiência genuína do espírito que se passa num "mundo real e com situações concretas". O espírito, livre temporariamente dos laços orgânicos, empreende atividades noturnas que poderão se constituir apenas de satisfação de baixos impulsos ou de justificativas para o modo de viver, segundo os citados psicólogos . Mas, poderão, ser também de natureza mais elevada e nobre. "O sonho é um fragmento de memória disso". Essa concepção do Espiritismo em pauta vem de ser confirmada com experiências feitas com cobaias humanas, submetendo-as antes de dormir, a uma série de condições externas, estímulos como fome, sede, frio, excitação sexual, carência afetiva, fadiga, filmes de ficção, etc., sem que fosse possível induzir quaisquer alterações significativas nos sonhos. A verdade é que estes são mesmo produtos das experiências vividas pessoalmente. Os estímulos que poderão modificar os sonhos de alguém vêm a ser apenas aqueles relevantes emocionalmente para o próprio, porquanto, mesmo pessoas em crise real (ex. cirurgia) nada revelaram em matéria de ter sonhos específicos. No curso do período de sonhos, o cérebro retoma a atividade como em vigília e os músculos revelam-se flácidos; é então que o indivíduo, se acordado, embora esteja consciente, esta com os braços e pernas francas e tende a cair ; vez pôr outra, intensos espasmos nos braços e pernas surgem, donde, no leito pôr vezes sentirmos forte e súbita contração muscular (uma estremeção).Os olhos movem-se rapidamente de um lado para o outro sob as pálpebras fechadas; esses movimentos, característicos do sonho, são conhecidos pela abreviatura de REM ((iniciais do nome inglês: Rapid Eye Movements). Outra curiosidade e também uma advertência é que o sujeito quando dorme, ocorrem freqüentes pausas da respiração (ditas apnéias), dando origem a certo grau de asfixia, que, as vezes, ele sente, acordando bruscamente e logo retomando o sono; elas baixam a concentração de oxigênio no sangue. O ronco, tão vulgar e incômodo, é um recurso contra a apnéia , que pode durar ate perto de um minuto. Numa noite, algumas pessoas chegam a ter várias paradas respiratórias; quem sofre de apnéia freqüente, ronca, mas nem todos os roncadores tem apnéia, bastando nesse caso que mude o indivíduo de posição. Em suma: os sonhos são de difícil interpretação, pôr pertencerem os homens a escalas variadas na evolução espiritual. Podemos resumi-los em três tipos, como se segue: sonhos de intercâmbio, sonhos de recordação ou de regressaõ de memória e sonhos de criação mental.Os primeiros são aqueles que nós poderemos chamar de primeira porta para as viagens astrais conscientes. São os sonhos comunicações, onde a alma abandona o corpo temporariamente em busca de novas forças no plano espiritual ou de encontros necessários à sua evolução. Em seu estágio inicial a alma adormece com o corpo e, quando pode sair, gira dentro da própria casa, no entanto, de vez em quando é levada pôr hábeis benfeitores ou comparsas afins em pequenas viagens, como treinamentos para futuras excursões. O sono do corpo é como uma porta aberta para que a alma adentre a escola universal, onde o aprendizado é constante em todas a direções da vida. O espírito pode ou não se lembrar dos seus encontros no plano espiritual, depende muito das necessidades ou conveniências dessas lembranças. O espírito, mais ou menos liberto da matéria onde se acha preso pêlos laços da carne, respira na atmosfera rarefeita energias espirituais que lhe mantém o equilíbrio na volta ao corpo físico.Sobre os sonhos de recordação; contrariando muita gente que escreve sobre sonhos, a honestidade nos obriga a dizer que muitos são apenas recordações de um passado distante ou de apenas algumas horas. Queremos deixar bem claro que tudo é relativo, tanto no mundo físico como no mundo espiritual. Nesta classe de sonhos, entremeados com eles , aparecem formas diferentes e, pôr vezes, comunicações mesmo com os espíritos desencarnados. Todas as regras têm exceções... Os sonhos de criação mental são aqueles em que a mente cria imagens e, conforme a intensidade da força mental, as formas astrais acompanham e obedecem ao seu dono, podendo mesmo ter aparências de um ser vivente, podemos, pois, viver rodeados pelas nossas próprias criações, ou ideações e, em muitos casos, os nossos sonhos, os nossos encontros no mundo espiritual, são apenas ilusórios. Nesse caso, desgastamos o nosso psiquismo, porque em vez de haurir forças espirituais, as formas astrais , nossa filhas, sugam de nós alimentos energéticos , qual criança sorvendo o leite materno. As "viagens astrais" serão o grande interesse do futuro de todos os povos, pois asseguram para as criaturas a certeza da vida depois do túmulo e do valor imensurável de Jesus porque, pela porta sagrada do sono, se adentrará na escola do espírito, onde o Evangelho é a base de todas as cogitações, ligado a todos os interesses que nos prendem nas variadas faixas da vida. Já vivemos esse momento, pois as pesquisas já acontecem nesse sentindo; congressos de psiquiatria nos EUA e mesmo no Brasil onde os indivíduos saem conscientes do corpo físico, aliás, alguns praticantes de "ioga" fazem isto com bastante freqüência e equilíbrio. "Quando amadurece o fruto, ele não suporta mais o ambiente onde foi gerado". Oliver.
Fontes de pesquisas: (Evolução para o terceiro milênio- Carlos T. Rizzini/ O Livro dos Espíritos- Allan Kardec/ Iniciação- Viagem Astral Lancellin.) |